Odeio ter que me mudar, odeio a bagunça dos primeiros dias e as caixas todas empoeiradas. Odeio pensar nas possibilidades e nos lugares dos móveis, odeio a curiosidade incessante dos vizinhos. Odeio não conseguir achar de jeito nenhum o meu livro favorito e odeio ter que me acostumar com a luz do quarto novo. Odeio o modo animado com que as pessoas começam a arrumar a casa e ficam desanimadas no meio, odeio ter que tropeçar nas esperanças, odeio o jeito que o céu é daqui, as estrelas não aparecem. Odeio não conseguir achar as roupas, odeio o modo improvisado do começo, odeio o quadro que está torto, odeio a gritaria, odeio a música que toca longe. Odeio ter que odiar, odeio parecer tão rabugenta.
Meu livro favorito está na prateleira que eu não acho bonita.
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