Eu sou uma incógnita indesvendável e problemática. Sou como
uma palavra difícil e repleta de letras que quando vista é de se arregalar os
olhos, temendo o problema que está em sua frente.
Estou tão perdida que já nem me acho, nem atrás do sofá ou
nos classificados do jornal, não sei mais aonde deveria estar e tampouco como
chegar a qualquer lugar, meus medos criaram vida e se transformaram em
monstros, esses mesmos monstros me algemam. Quando me olho no espelho não sei
mais quem vejo, não sinto como sentia. Esqueci-me dos versos do meu poema
favorito, o qual tinha jurado que jamais esqueceria. Nunca mais peguei o meu
caderno, nunca mais escrevi.
Vivo dançando valsa em cima do meu caos nada poético para
que eu não esqueça quem eu fui um dia e não deixe o vazio tomar conta de tudo
tão depressa. Não queria ser mais uma teoria, assim como não quero mais estar
sempre sozinha e cheia de tanto nada. O abismo sentimental é um caminho tão
farto e longo que já não tenho forças para seguir com o meu pé e alma calejados. Minhas neuroses
são absurdas.
Acostumei-me com a incerteza, mesmo que isso me
torture e que me quebre cada vez.