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domingo, 30 de junho de 2019

queen of damned

domingo, 30 de junho de 2019
por meios cegos vou procurando-me.
tentando desaprender a necessitar de outrem.
tenho em mim tudo o que preciso, embora seja difícil colocar em prática, tenho a consciência de que somente eu estarei por mim.
em meus traços carrego os resquícios de sofrimentos já vividos e alguns ainda vívidos. aprendo como estar completa apenas com as coisas que carrego. aprendizado esse que é lento.
inúmeros tropeços fazem parte do que já sou e do que estou tornando-me.
meus olhos, portais de minha alma, refletem o sonho, ainda que distante, porém, vivo e pulsante.
como uma criança que aprende seus primeiros passos, vou seguindo. um passo de cada vez. hora ou outra escorando-me, mas, ainda assim, (re)aprendendo a andar. e amar.
tento desvencilhar o desejo de ser amada por outras pessoas, e tento ser amada por mim mesma.
olho fixamente no espelho, aprendendo sobre o meu corpo, esse templo que carrega minha essência. aprendo tardiamente, pois passei tempo demais admirando templos alheios e aprendendo a ama-los. agora que estou aqui, frente ao que sempre temi, o meu próprio eu, estremecido e vulnerável.
pensamentos constantes de desamor, invadem-me sem pedir permissão, apenas adentram e me forçam acreditar que essa carcaça já está inválida. muitas vezes, não tenho forças o suficiente para lutar contra.
entretanto, num respirar, volto para a superfície e vou me secando da água desse mar de caos.
eu. a minha própria deusa. a minha própria religião. mereço respeito. o mesmo que há pelo Deus homem e cristão.
minha deusa interior vai surgindo do mais profundo de meu ser, vai nascendo a rainha.
sinto, em meio toda dificuldade maçante, que estou cada vez mais próxima de mim mesma.

sábado, 29 de junho de 2019

sábado, 29 de junho de 2019
às vezes me desconecto do mundo quando lembro do teu sorriso.
daria muito mais do que poderia para ter as tuas digitais sobre meu corpo desnudo.
teus olhos carregados de desejo, direcionados a mim como se eu fosse a coisa mais bonita que viu em tempos.
somente o som da voz rouca saindo de sua boca lentamente me fez chegar ao êxtase.
juntos.
num lugar pequeno
fazendo desse único espaço o nosso próprio mundo.
tua epiderme na minha, sentindo cada parte e cada curva 
sentindo e memorizando o teu gosto.
na profundidade e escuridão infinita dos teus olhos 
sinto-me em uma espécie de viagem através das fendas do universo.
cada minuto é eterno dentro dos teus beijos.
juntos.
em fração de segundos atinjo o meu próprio nirvana por meio do teu toque no meu interior 
num momento tudo para.
você me têm apenas pelo fato da tua existência mexer tanto com a minha.
tua digitais estarão gravadas em mim por sete anos.
sete longos anos que serei tua até a alma 
te juro entregar-me por completo 
desde os sorrisos cheios de vida até as lágrimas cheias.
estarei aqui.
por tempo indeterminado. apenas para entregar a ti tudo o que armazeno no mais íntimo do meu ser. 

segunda-feira, 24 de junho de 2019

digital bath

segunda-feira, 24 de junho de 2019
há coisas que mais parecem ser sonho que a realidade em si. você foi sonho. 
sonho efêmero, que me leu a alma e desvendou todos os meus segredos só com os olhos, os mesmos que me despiram antes mesmo que tuas mãos. o jeito que tu me olhou, assim que saí da porta para te encontrar, hipnotizado, arrebatou-me. 
senti segurança nas tuas palavras, senti desejo no teu toque. 

senti o centro do mundo na ponta dos teus dedos.
constelações se fizeram em cada beijo, por alguns segundos, a esperança se renovou, o corpo em que habito encheu-se de vida. tu resignificou a música que tocava dentro de mim. 

numa noite, sobre o teu toque, atingi o nirvana várias e várias vezes. 

tu me deu de presente a lua e, em troca, te entreguei um alguém que nem eu mesma conhecia. alguém que te espera. 

talvez esteja sendo tomada pela intensidade que percorrem em minhas veias, entretanto, não te quero só por um breve momento. te quero por todos os momentos inimagináveis. renasci através dos teus olhos. cada movimento lento e espontâneo do teu corpo está gravado nas minhas melhores lembranças. um tanto quanto dolorosas, a espera às vezes nos massacra. 
sinto falta do toque, do cheiro, de te sentir tão perto, tão presente dentro de mim. 

o que me acalenta é o som da tua voz me fazendo promessas. ainda serei tua, senão nessa vida, numa outra. mas tua. 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

mantras

segunda-feira, 10 de junho de 2019
criei um mantra para os dias difíceis: tenho em mim toda a força do mundo
hoje é um dia difícil, daqueles que o mundo parece uma batalha árdua e pesada.
não sei muito bem o que tá acontecendo no meu peito, sinto-o em chamas, tem algo que me rasga de dentro pra fora querendo sair.
poderão passar séculos e o homem ainda não terá entendimento da mente e dos sentimentos humanos.
não sei mais como a minha cabeça trabalha, isto é, se um dia tive algum entendimento sobre isso, hoje já não tenho nenhum. me olho no espelho numa tentativa falha de me encontrar. me questiono todos os dias para saber em quem habito, para quem os meus pulmões se inflam e porquê e com o quê o meu coração se descompassa.
desejo entender para onde gostaria de ir nos dias em que quero fugir de mim.
o que é que preciso fazer para querer habitar minhas artérias todos os dias sem sequer pensar que estou a poucos passos de um declínio?
todo dia eu sou alguém diferente.
um alguém diferente que ainda está descontente.
tem dia que a minha cabeça se transforma em caos e os pensamentos se encaixam e desencaixam numa forma nublada e confusa.. meus olhos não encontram um ponto para fixação, minhas pálpebras mantém-se baixas.
pesquisei os efeitos colaterais, tava escrito: culpa. me sinto culpada por não ser quem deveria ser, por ter perdido tanto tempo envolta no caos que não sobrou tempo pra me descobrir e ler minha alma.
aos poucos leio as minhas entrelinhas e sinto, com a ponta dos dedos, as minhas cicatrizes. lembro de todas as histórias das quais o meu eu lírico fez parte. não quero passar a vida no piloto automático. quero entrar em contato com o meu eu superior.

anxiety

a brisa da noite é leve e gelada
a brisa da noite trás de volta, por um breve momento, o sentimento de vida
de volta de um transe quase mortal
me movo lentamente, como se estivesse arquitetando cada passo enquanto concentro-me em não enlouquecer.
no silêncio, a vida se esvai, o declínio me pega pelas mãos e me toma para uma dança, uma última...
antes de me levar por completo.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

o adeus

quarta-feira, 1 de maio de 2019

isso é uma carta de despedida. até que
enfim.

percebi que estava perdida quando até as minhas roupas lembravam-te. a bebida cheia de teor alcoólico remetia ao sabor dos teus lábios, e isso não é uma metáfora bonitinha. lugares que nunca havia ido contigo também lembravam-te e não sei o diabos porquê, havia partes tuas em tudo.
as sensações que tive quando fostes embora, eram, primeiramente, de que nunca mais voltaria - por mais que me forçava a acreditar que iria sim -, a segunda, foi de que havia levado uma parte importante de mim mesma.
quando fostes embora de fato, me vi perdida e sem direção, não me reconhecia. o corpo que morava não era mais meu, porque lhe entreguei cada pedacinho dele até não me restar nada.
cê foi a primeira pessoa que tive a coragem - e que coragem - de mostrar os meus textos e em todos eles te pedi para que não me machucasse. tu nunca disse que não o faria.
deveria ter percebido o caos que se aproximava quando deixou de me olhar nos olhos e quando o toque mais parecia calculado. tenho uma parcela de culpa nisso, admito. quando estava tudo desmoronando tentava colocar os pedacinhos nos seus devidos lugares, porque me recusava acreditar que o amor da minha vida estava me deixando.
quando fostes embora de fato, a minha ficha demorou a cair e quando caiu, doeu. céus, como doeu. senti a dor penetrando cada partícula, cada veia, cada átomo, tudo doía até tornar-se física. e, então, chorei. chorei mares e não parecia o suficiente. passei noites acordada na esperança de receber uma mensagem tua.
quando fostes embora de fato, precisei lutar contra eu mesma, precisava lutar contra toda e qualquer lembrança e o mais importante, precisava lutar para me recuperar. precisava me reconhecer, precisava ser minha novamente. e fui criando forças, por mais que existam mais dias difíceis e que parecem que nada do que tenha feito foi o suficiente, ainda tenho que continuar até não sobrar nenhum resquício teu em mim. tô me despedindo porque contigo não era minha e ainda existem milhares versões de mim mesma que preciso conhecer e reconhecer. há uma vida toda sem ti.
talvez a minha intensidade tenha sido demais.
quando fostes embora de fato, tive medo. medo porque te tornei base para os meus pés tocarem quando tudo estivesse fora de órbita. te coloquei num altar inalcançável. tu era dono de toda a minha devoção. as coisas só eram coisas se tu estivesse nelas. e só.
quando a tua presença não existia mais, me vi num lugar branco, onde estava completamente sozinha. todavia, precisava reconstruir tudo. minha vida estava começando de novo ali. havia uma versão minha antes de você, uma contigo, e uma depois de ti. por mais quebrada, ainda prefiro a versão depois de ti. porque a mesma tá descobrindo um mundo todo, e milhares de outras coisas incríveis. a importância dessa versão é absurda, não há mais nada que poderá dizer o contrário.
não vou te agradecer por isso, não vou te agradecer por algo que consegui sozinha.
isso é uma carta de adeus, porque preciso me despedir, por mais que já tenha feito isso bem antes de mim. preciso me despedir, porque tô me livrando das amarras cada dia mais. preciso me despedir porque tô me reconhecendo e quero fazer isso sem você.
isso não é um até logo. adeus.

a confusão está nos olhos de quem vê

o coração descompassado dói com a presença daquele que um dia já o fez encher-se de amor. a esperança esvai-se conforme os olhos se desencontram. o corpo pesa, os órgão internos explodem e cada vértebra dobra e desdobra num coro de socorro. eu não sei quem sou. 
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