Eu me mantive quieta, sabia que ninguém seria capaz de entender tamanha confusão, nem eu entendia. Porra, como é possível uma confusão caber dentro de uma pessoa? Isso é exagero, só posso estar exagerando, é normal, afinal, sou conhecida pelos meus exageros constantes. Tem que ser, porque se eu estiver realmente apaixonada por aquele cara vou jogar a minha vida no ralo, junto com toda aquela água.
Tudo o
que eu consigo pensar é em como estou fodida. O que eu tenho na cabeça em? Pode
dizer, seja sincero, preciso de alguém que tem um pouquinho de sanidade,
justamente aquele cara, ele gosta de cervejas e eu não, ele gosta de cigarros e
eu não, ele é tão problemático.
Mas que diabos eu penso? Quero estragar a
minha vida, só pode. Com tantos caras legais para eu me apaixonar fui me apaixonar
por ele, não que ele não seja legal, é que ele tem os mesmos problemas que eu.
Entende? Não, é claro que não. Estou fodida pra caralho, veja só como o meu
vocabulário está vulgar, será que estou enlouquecendo? Sim, para me apaixonar
por um cara em uma boatezinha qualquer, mas foi tão surreal e lindo. Imagine
só: Eu cheguei naquele beco imundo e escuro, tinha um lugarzinho no fim dele
com luzes coloridas e uma música muito alta e boa, estava vestida com um vestido
preto e justo, minha jaqueta de couro preta e surrada, meia calça ¾ e coturno,
bem eu entrei e sentei naquele balcão e pedi uma coisa sem álcool e quando
virei lá estava ele, com uma cara de desinteresse bebendo uísque, ele olhou pra
mim eu ainda estava lá o olhando como se nunca tivesse visto um cara na minha
vida. E Sex On Fire tocando no fundo, puta que pariu como Kings Of Leon pôde
fazer tanto sentido naquela hora?
Ele
levantou e se sentou ao meu lado, ficou um tempo quieto e quando eu já estava ficando
incomodada resolvi falar bem na mesma hora que ele:
-Ahn, oi...
-Oi. Eu disse baixo, quase sussurrando.
- Bem,
vi que você estava me olhando e então resolvi falar com você, me chamo
Guilherme e você?
- É,
percebi que você é o único que não estava dançando, meu nome é Cecília.
E assim
prosseguiu a noite, conversamos, dançamos, saímos da boate e andamos pela imensa
São Paulo vazia. Ele era o tipo de cara ideal, magro e sem pelos, todo
tatuado, cabelo médio e estava vestindo uma camisa dos Strokes quase disfarçada
embaixo da jaqueta, como pode existir alguém tão perfeito?
Ele
resolveu me levar para casa: Não posso deixar uma moça tão bonita sair sozinha
por essas ruas. Quando chegamos o convidei para entrar, ele estava
exausto demais então decidiu ir, mas me deu o seu número e o melhor beijo da
minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário